Gaeco diz que Livânia recebia mensalão de R$ 80 mil pago pela Cruz Vermelha

Reprodução/Decisão do desembargador Ricardo Vital
Leandro Nunes disse ainda ao
Ministério Público que Livânia reclamava do valor, por ser, segundo ele, aquém
do combinado com o mandachuva da Cruz Vermelha Brasileira filial Rio Grande do
Sul (CVB-RS), Daniel Gomes. A secretária foi apresentada ainda como a
verdadeira gestora dos contratos da instituição com o governo do Estado, que
permitiu à Organização Social administrar o Hospital de Emergência e Trauma
Senador Humberto Lucena a partir de 2011, o primeiro ano da gestão do
ex-governador Ricardo Coutinho (PSB). A decisão assinada pelo desembargador diz
que restou comprovado que a Cruz Vermelha não tinha capacidade técnica para
assumir os contratos e que Livânia teria resolvido isso numa canetada ilegal.
O texto da decisão diz, com
base em parecer do Tribunal de Contas da União (TCU), que a comprovação da
capacidade técnica da Cruz Vermelha foi feita sem observar os requisitos
legais. Ressalta ainda que a Lei 9.454/2011 não foi levada em conta. Os vícios
nos contratos teriam permitido as fraudes em licitação e os desvios de dinheiro
público investigados pelo Ministério Público. Além de Livânia e Elvis, foram
alvos dos mandados de busca e apreensão Haroldo Rivelino da Silva, Haller Renut
da Silva, Gabriella Isabel da Silva Leite, Lucas Winnicius da Silva Leite,
Carlos Pereira Leite Júnior (Koloraú Júnior), Maria Laura Caldas de Almeida
Carneiro, Josildo de Almeida Carneiro, Saulo Ferreira Fernandes e Keydson
Samuel de Sousa.
Ramo familiar
O Ministério Público acusa
familiares de Livânia Farias de terem ocultado patrimônio. Alguns imóveis foram
citados, entre eles, uma casa comprada por R$ 400 mil em Sousa, no Sertão. Ela
foi adquirida em nome de Maria Aparecida Ramos, a Aparecida Estrela, que confessou
a operação em depoimento ao MPPB. Há também salas comerciais que teriam sido
registradas em nome de Elvis e de Gabriella, marido e sobrinha,
respectivamente. Diz ainda que Haroldo, irmão da secretária, comprou uma
caminhonete e não fez o pagamento de uma parcela de R$ 60 mil. O restante
acabou sendo pago por Livânia e o bem registrado em nome de Gabriella.
Há registros ainda da compra
de carros para os sobrinhos, Júnior e Lucas, além de um imóvel registrado em
nome de Haller. Todos os dados constam na descrição dos supostos crimes, feita
na decisão que permitiu a deflagração da terceira detapa operação Calvário,
para cumprir os mandados de busca e apreensão em João Pessoa, Sousa e Rio de
Janeiro.
Outra arrecadadora
A servidora Maria Laura
Caldas de Almeida Carneiro, da Procuradoria Geral do Estado, foi apontada na
investigação como mais uma arrecadadora de propinas. Apesar de lotada na PGE,
de acordo com Leandro Nunes, ela não trabalhava na pasta e apenas cumpria
ordens de Livânia. O delator do esquema contou que ela atuava como costureira,
trabalhando em casa, e indo aos locais indicados por Livânia para receber e
ocultar dinheiro. O marido dela, Josildo, era motorista exclusivo da
secretária. Os recursos financeiros eram escondidos atrás do guarda-roupas. Ela
atuava arrecadando propinas de outros fornecedores, mas quase nunca da Cruz
Vermelha. Para esta última, a missão era de Leandro.
Durante o cumprimento dos
mandados de busca e apreensão, o Gaeco encontrou na casa de Maria Laura fitas
de banco usadas para envolver dinheiro. O material foi recolhido para ser usado
na investigação.
Jornal da Paraíba
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